segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Temer

É preciso arriscar e perder o medo de falar. Falar sim, sem gaguejar, sem a trava na língua, sem a falta de saliva que pede um último gole só para interromper o dito. É preciso mais do que botar pra fora, depositar em um alguém, que saiba o quanto é ruim comer doce e engolir o amar - amargo. Entretanto, poupando-me de falácias tradicionais e usando um pouco da arte interpretativa, ninguém desconfiaria deste amargo gosto e de uma espera incansável por um imaginário tão real. Necessito mesmo perder este medo que me trava, impede, corta-me, mas nocivamente protege-me. Preciso aprender que só se aprende sendo livre, mas como posso se não me deixo? Sou companhia para mim mesma, sou de todo coração a minha própria esperança, minha força de vontade obscura, o meu, sou eu, só a mim, pra mim, temo ser egocêntrica. Ah se fosse verdade que o tempo leva e cura tudo... Ainda guardo em mim coisas tão passadas, tão pesadas. Temo que este "ainda" perdure, perpetue. Temo tanta coisa, que coisa? Olha, já temo em não saber, o quê? O que pode ser? Temo não ser respondida, co, entende? Como antes, como sempre, como antes sempre foi, se foi? Não vá! Se foi como sempre. Temo que o sempre, sempre seja usado dentro de frases erradas como antes. Temo tudo que não contenha nada, temo vazio, temo por temer tanto, temo porque tenho que um dia parar de temer e me lançar sem proteção, em um vão, com farpas e espinhos. Temo porque temos pouco tempo para não temer mais nada, temo que o temor não me deixe amar sem o amargo, temo por temer e me prender sem aprender a ser livremente doce, tremo por temer ser e me doer, um pouco mais.

5 comentários:

  1. Texto tão teu quanto alheio também. Diz você de cara e alma lavada... Com medo, receios, mas dentro de si esperança e essa bonita forma de escrever, sempre mais. Sempre mais amar, sem o (go)

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  2. Oi, Deborah, boa noite!!
    Temer, e chegar a tremer diante do desafio de amar nos empurra para a opção de segurança (quase egocêntrica!) de nos conter e esperar: pela vida, pelo amor, pela iniciativa, pela confirmação, por tudo. E nos contém de entregar qualquer centímetro, pela possibilidade de perdê-lo. Assim, é mesmo difícil perder. Mas será possível viver?!
    A vida é justamente o desafio do risco. É o risco que a torna maravilhosa. A perda é um detalhe a considerar... Mas, o ganho! Ah... O ganho!...
    Lindo texto. Profundo, complexo, completo, perfeito.
    Um beijo carinhoso
    Doces sonhos
    Leo
    P.S. 1 - Êh João Pessoa... Se eu puder, vou dar uma passada aí em março... Tambaú, Seixas, Manaíra...
    P.S. 2 - Se não for muito inconveniente, posso saber a data de seu niver?

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    1. Sério? Que bom saber que virá por aqui, muito bom mesmo.
      Faço 18 anos dia 22 de maio!
      Ah... e obrigado pelos comentários, sempre lindos!

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  3. Deborah, teu blog é lindo, parabéns!

    Vem conhecer o meu:
    leiakarine.blogspot.com

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