quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Não há desamor.

Eu queria poder te dizer tanta coisa
Queria gritar para que você voltasse
Queria dizer que eu voltei atrás
Queria você do lado
Queria te ouvir cantar pra mim
Queria mais um vinho
Queria a orquestra das quintas
Queria qualquer sinfonia
Queria mais dias
Queria não ter me acostumado a dormir com você
Queria uma dança qualquer
Queria um poema no meio da semana
Queria embaçar teu óculos
Queria o silêncio teu
Queria qualquer música de Tim
Queria que você gostasse de Silva
Queria o pedido de abraço de sempre
Queria não ter negado nenhum
Queria que você nunca precisasse me pedir desculpas
Queria poder aceitar todas
Queria não dar nenhum passo
Queria não estar perdida
Queria acreditar que poderia dar certo
Queria ter mais fichas para apostar
Queria ser menos eu para poder ser nós
Queria não ter que dizer nada
Queria sempre inícios
Queria nunca ter que viver os fins
Queria poder dizer sim
Queria talvez dizer qualquer não
Queria a curva das tuas costas
Queria alguns nuncas e vários infinitos
Queria te ligar agora
Queria te falar sobre sexta
Queria mais alguns atrasos
Queria estar te esperando
Queria a sensação de saber que te tenho
Queria tuas cheganças
Queria não estar escrevendo isso agora
Queria poder te dizer pra ficar
Queria nunca ter te pedido pra ir
Queria acreditar que tudo se encaixaria
Queria que nada disso fosse necessário
Queria não te ver chorar nunca
Queria não te ver chorar jamais
Queria não te ver chorar por nada
Queria não ter que dar um fim
Queria não te pedir pra partir
Queria não estar partida
Queria a cura pra nós
Queria tempo
Queria tempo de nós
Queria não querer tanto
Queria querer você aqui
Não quero, fim.


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Desconexo

Olhos com asas
Testa molhada
Sem graça!

Voos vistosos
Olhos chorosos
Graças! E apenas.
Partes pequenas

Um trago
Um maço
Amasso!
Vários braços
E um último gole

Passo!
Desconexo
Desprendido
Tanta palavra
Nem tanto sentido

Verbo solto
Sujeito oculto
Intruso!

Não sabe
Nem cabe
Não pertence
Nem convence
E pra quê tanto alarde?
Nunca fez parte

Te dou silêncio
Leve pensamento
E tu nunca atento

Leve, leve tudo!
Um poema rasgado
Amassado
Sangrado

Cuspido!
Peito nu
Boca seca

Ta fora
Ta feito

Dei pra ti
Já deu pra mim

É o fim.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Pedaço da gente

A gente vai se achando, é tanto pedaço solto por aí... vai descobrindo, construindo com tudo que nos toca, a gente vai se encontrando aos poucos porque são tantas peças, é tanta gente - mas a gente vai!

A gente quer edificar, quer tocar em cada peça e cada pedaço

A gente quer ajuda mais nem sempre aceita. A
 gente precisa mesmo é desconstruir pra remontar, porque são tantos pedaços, tantas peças...

A gente faz força, desencaixa, amarrota e estica! A gente quer mas nem sempre faz - mas a gente vai!

São muitas peças e vários pedaços

A gente grita, fala sem parar. A gente quer ser ouvida sem precisar dizer tanto, porque são tantos pedaços e inúmeras peças

A gente se guarda, cria barreira. Às vezes a gente não se deixa, não se permite e assim a gente vai achando jeito de se cuidar, já foram tantas peças e se perderam centenas de pedaços

A gente gosta de gente que inspira confiança, porque o que a gente quer mesmo é expirar aliviada, quer se jogar esperando não pousar cedo, gosta de estar nas nuvens mas detesta não sentir a firmeza do chão, quer ter cada peça e carregar todos os pedaços

A gente quer ser tanta coisa. Almeja céu azul e reflexo de mar, quer o sol e se esconde, quer montar a vida com uma só peça  mas também quer viver aos pedaços


A gente quer viver escrevendo  mas não quer escrever pra viver e a gente vive cada peça e se encanta com cada pedaço

A gente é gente, com carne, sangue e pele, cheia de peças e pedaços desencaixados, mas a gente é gente e não seria tão belo se assim não fôssemos

A gente é feito de peças, nós somos pedaços e são tantos e são muitos

É tanta gente, incontáveis peças e muitos pedaços
São tantos pedaços, incontáveis peças e muita gente
Há tantas peças, muita gente e incontáveis pedaços






terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Se toca!

Dedos apontados para lados errados - desconstrução!
Dedos sem paixão - sem tesão.
Dedos se encontram
Sede!
Dedos me encontram
Inspiro
Dedos aspirantes
Expiro
Dedos percorrem
Calafrios
Dedos dançam
Ritmo
Meus dedos
Sentido
Seus dedos
Sentindo
Nossos dedos
Nós de dedos
Nós sem medos
Nós desfeitos
Livres dedos - sem receios.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Pequeno Devaneio 2

Quem prova da pimenta e inibe seu verdadeiro sentido com um gole de água gelada, não sabe desfrutar o delicioso prazer de sentir queimar. 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Viva a voz

Decidi gritar pela cor do cabelo e do batom, pela tatuagem e por poesia. Tudo em mim grita. Hoje, o silêncio não existe mais. Destruí as almas opressoras, libertei os oprimidos, não guardo nada além de mim, dentro de mim mesma. Trago por dentro apenas a força que me faz hoje ser assim, meio torta, meio manca, meio troncha, meio louca, mas 'eu' em absoluto, da ponta do pé ao último fio ruivo, fogo! Queimo, incendeio os cantos estagnados, mortos, mornos. Tenho sede e sangue quente. Sou muitas, sou uma, não tenho vergonha de dizer o que quero - quero agora! Entretanto passou da hora e agora já não serve mais. Grito, grito forte. Sou viva! Viva porque sei que em cada passo existe e exige escolha e não sai de mim um abraço, um sorriso ou um aperto de mão que não foi verdade algum dia.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Ela não é romântica

A gente bem sabe quando o coração amolece, o chão estremece e o céu fica mais perto. Bem lá dentro, cada um sabe o quanto aperta e dói cada flor, cada pedra e cada passo. Nunca fui de ficar boba, de desenhar corações ou colorir o céu de rosa, não acho um encanto receber flores. Veja bem, eu gosto do romantismo, mas acho tão mais interessante uma palavra sussurrada, inusitada, uma piada mal contada, gosto mesmo daquilo que me arranca o riso, da alegria liberta. O amor é livre e tem asas. Meu amor viaja, abre portas e janelas, invade, deleita-se, e vai. Amor quando preso torna-se cômodo, sem graça, termina morrendo em si, ou em mim. Quer matar meu amor? Aprisione-o. Ele não se alimenta de flores, de músicas ou declarações gritadas, ele pede baixinho um carinho, um vento livre, a porta sempre aberta pra que ele entre e saia quando quiser. Tenho um amor claustrofóbico e atento, não é preciso de lua pra faze-lo desabrochar, nem de água pra regar, ele vem se instala e fica o quanto quiser, mas se quer que ele permaneça um pouco mais, deixe-o solto, sem mãos dadas, conversas pesadas ou papo frustrado, meu amor é ânimo, é vida. Engana-se quem pensa que não vivo de amor ou que sou exageradamente frígida, amo, amo de sangrar, porém esse amor é em absoluto meu, próprio, plural, é do mundo, não existe foco, nem lâmina afiada o bastante que possa corta-lo, desfaze-lo ou mata-lo. Ele é oxigênio e não existe um lugar no mundo onde não possa chegar.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Linhas

Quando antes nunca foi.
Que tudo seja sempre e depois de ser, vai.
Quando sempre nunca foi tudo.
Sempre é.
Nada quase sempre é tudo no fim.