terça-feira, 13 de setembro de 2011

Meramente Fictício

Não há de vir alguém aqui que me arranque o coração, que o faça voltar a palpitar da mesma forma? A forma debilitada que me deixastes, com súbitas facadas, diretas, exatas. Como pode em questão de segundos e palavras a pessoa que mais te fazia feliz, agora te arranca toda essa alegria e põe no lugar o mais triste dos sentimentos.
 No momento não paro de sangrar mas é inevitável a tentativa de encontrar o recomeço. E o principal passo é conformar-se, conformar-se de que não foi bem o que esperou e sonhou que seria. Em seguida, chega à hora do pranto, das lágrimas, do sentimento de solidão e desilusão. O ego que já não era lá essas coisas todas, rasteja e recolhe-se em um canto empoeirado, onde poucos conseguem alcançar, um lugar onde só você poderia alcançar, mas alcançar qualquer coisa agora será difícil, prostrada na cama sem forças é realmente impossível.
 Depois de muitos conselhos ouvidos – uns absorvidos, outros deletados – chega o tempo de levantar da cama, tomar minhas próprias atitudes, dar os primeiros passos sozinha. É sinal de recomeço.
 Agora começo a cicatrizar e vejo que a sequela que deixastes foi bem pior que teu feito, me deixou sem sentir o coração e a única solução é encontrar outro, que me faça acreditar, que me faça sonhar, que me faça ver que toda essa baboseira de recomeço é verdade.
 Porque meu bem, escrever que me levantei é certo: todos que leem acreditam mas o real é que escrever deitada se torna bem mais cômodo e ainda não existe nada de recomeço, estou na verdade no meu fim.

3 comentários:

  1. Belíssimo texto! Tão pessoal quanto verdadeiro em todas as definições.
    Há um defeito de fábrica no reloginhos em nós, que as pessoas chamam de coração. Fique na mente, na alma ou no peito, esse reloginho quase sempre vem com um defeitinho de fábrica. Qual defeito? O de que as desilusões precoces (que são, felizmente, maioria absoluta, oitenta por cento) são sofríveis! Que desilusões precoces nos deixam, e devam nos deixar prostrados, no nosso "fim". Não, absolutamente! Isso é defeitinho do relógio. O que está no fim não somos nós, mas o relacionamento falso com um pessoa errada ou falsa, egoísta, mesquinha e mentirosa. Não é hora da dor, mas da libertação! Não é hora de perder o que achamos bom, mas de continuar atrás do que veremos que é melhor. Desilusões precoces são um presente! Pior é quando somos enganados até isso se tornar uma tragédia, até não poder haver o tal recomeço. Pior que enganados é uma vida inteira enganado, o que aconteceria, se continuássemos a ilusão! Vivo dando pancadinhas nesses reloginhos, para ver se eles "pegam no tranco" e funcionam melhor. É minha profissão, fazer o quê?! Ninguém merece o sofrimento pela dor que causou...
    Um beijo carinhoso
    Cawan

    ResponderExcluir
  2. Obrigada pelo lindo e estimulante comentário, pura verdade tudo, tudo, tudo.

    ResponderExcluir
  3. Débora, eu abri outro blog, além do Entre Nuances, com o qual passarei a comentar. Espero que você escreva mais. Sua enorme capacidade, poder de concentração, criatividade, clareza, leveza podem e devem ser mostrados às pessoas. Haverá sempre muitos fãs.
    Um beijo carinhoso
    Leo

    ResponderExcluir